O USO DE METODOLOGIA ATIVA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM SOBRE A SAÚDE DA PESSOA IDOSA: BENEFÍCIOS NA FORMAÇÃO

Autores:
Alicia Dervanoski1
Amanda Maria Alba2
Lilian Marin Lunelli3

1 Estudante do curso de graduação em fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó. E-mail: alicia.dervanoski@unochapeco.edu.br. https://orcid.org/0000-0002-1947-0382

2 Estudante do curso de graduação em fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó. E-mail: amanda.alba@unochapeco.edu.br. https://orcid.org/0000-0003-0066-6905

3 Docente do curso de graduação em fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Mestre em Envelhecimento Humano. E-mail: fisiolili@unochapeco.edu.br. https://orcid.org/0000-0002-7182-9233


RESUMO

Introdução: As metodologias ativas possibilitam aprender por meio de experiências simuladas ou reais, uma vez que soluciona desafios impostos a partir de problematizações, promove autonomia e criatividade do discente. O júri simulado é uma prática que possibilita simular um tribunal judiciário, com argumentos do lado da defesa e da acusação da história montada. O objetivo deste estudo foi relatar uma experiência de júri-simulado como estratégia de ensino-aprendizagem aplicada em um curso da área da saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre uma atividade realizada por um grupo de estudantes. A atividade fez parte do componente curricular de “Geriatria e Gerontologia I”, ofertado no quinto período de graduação do curso de Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, no oeste de Santa Catarina, que foi programada pela docente com a colaboração do curso de Direito da mesma instituição. Resultados e Discussão: Após a atividade, os estudantes descreveram a atividade como produtiva, diferente, gratificante, impressionante, sensacional, muito boa, muito legal, maravilhoso, experiência incrível, troca de conhecimentos, muito aprendizado, desafiadora, trabalhoso, aprendizado e difícil. Contudo, alguns relatos expressaram dificuldades na confecção estrutural da atividade, sendo revertida com a busca de conhecimentos. A metodologia ativa possibilitou uma troca de conhecimentos e a interprofissionalidade. Conclusão: O método proporcionou a criatividade e a reflexão sobre o tema idosos, sendo muito relevante para o exercício da profissão. Além disso, foi possível perceber o quanto é preciso adotar metodologias inovadoras para formar profissionais de saúde mais críticos, reflexivos e transformadores de suas realidades. Esta experiência proporcionou conhecer, discutir e refletir sobre as metodologias ativas, utilizando da ferramenta interativa Jamboard. Sugere-se outros estudos que demonstram as experiências utilizadas com diferentes metodologias ativas a fim de que melhorem a qualidade do ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Idoso; Aprendizado Ativo; Método de Ensino.

ABSTRACT

Introduction: Active methodologies make it possible to learn through simulated or real experiences, solving challenges imposed through problematization, promoting the autonomy and creativity of the student. The mock jury is a practice that makes it possible to simulate a court of law, bringing arguments from the side of the defense and the prosecution of the assembled story. The aim of this study was to report a mock-jury experience as a teaching-learning strategy applied in a course in the health area. Methodology: This is a descriptive study, of the experience report type, about an activity performed by a group of students. The activity was part of the curricular component of \”Geriatrics and Gerontology I\”, offered in the fifth graduation period of the Physiotherapy course at the Community University of the Chapecó Region – UNOCHAPECÓ, in the west of Santa Catarina, it was programmed by the component\’s professor with collaboration of the Law course of the same institution. Results and Discussion: After the activity, students described the activity as: productive, different, rewarding, impressive, sensational, very good, very cool, wonderful, incredible experience, knowledge exchange, a lot of learning, challenging, laborious, learning and difficult. However, some reports expressed difficulties in the structural preparation of the activity, which was reversed with the search for knowledge. The active methodology enabled an exchange of knowledge and interprofessionalism. Conclusion: The method provided creativity and reflection on the theme of the elderly, being very relevant to the practice of the profession. In addition, it was possible to see how much it is necessary to adopt innovative methodologies to train health professionals who are more critical, reflective and transforming their realities. This experience provided knowledge, discussion and reflection on active methodologies, using the interactive tool Jamboard. We suggest other studies that demonstrate the experiences used with different active methodologies in order to improve the quality of teaching-learning.

Key words: Older Adults; Active Learning; Teaching Method.

INTRODUÇÃO

Os métodos tradicionais de ensino já não são mais viáveis para desenvolver competências e habilidades na vida profissional, para a aprendizagem e para o olhar interdisciplinar do saber, pois o estudante precisa ser o protagonista do seu aprendizado (SOARES; SILVA; MONCAIO, 2019). As possibilidades de aprendizagem são inúmeras para que o estudante conheça, duvide e interaja por meio de novas metodologias de aprendizado, pois é preciso deixar de lado o modelo biomédico hegemônico de ensino e estimular relações com diferentes profissões (COELHO; PARTELLI, 2019).

O mercado de trabalho exige profissionais da saúde com competências críticas, flexíveis e com iniciativas, demandando novas metodologias de ensino nas instituições de ensino superior (SOARES; SILVA; MONCAIO, 2019). Stroher et al. (2018) relata que metodologias ativas são métodos de ensino em que possibilitam aos alunos serem protagonistas do processo de aprendizagem, sendo os professores mediadores do ensino, apoiando, ajudando, desafiando e provocando a construção do conhecimento. Essa prática educativa leva o estudante a aprender a aprender, a saber pensar, a inovar, a criar, a construir e a participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem.

Com a proposta de inovar surgem as metodologias ativas de ensino-aprendizagem, as quais incentivam os estudantes a serem mais ativos e presentes nesse processo, formando pessoas mais críticas, reflexivas e humanistas. No entanto, numa determinada metodologia, deve-se observar para que no processo ocorra um trabalho construtivo, colaborativo, interdisciplinar, contextualizado, reflexivo, crítico, investigativo, humanista, motivador e, principalmente, que seja desafiador a quem está desenvolvendo (ROMAN et al., 2017).

As metodologias ativas possibilitam aprender por meio de experiências simuladas ou reais, solucionando desafios impostos por meio de problematizações em atividades propostas, as quais têm por objetivo desenvolver a autonomia e a criatividade do discente a fim de que ele saiba atuar sob determinado contexto num futuro próximo (SOARES; SILVA; MONCAIO, 2019). Assim sendo, o acadêmico deixa de ser apenas um receptor de conteúdos, e é incentivado a buscar o conhecimento de forma que desenvolva o perfil científico, criador, crítico-reflexivo, trabalho em equipe, senso de responsabilidade e de ética (STROHER et al., 2018).

Ampliando o olhar sobre o processo de saúde e de educação, a aplicação dessa metodologia insere os estudantes como o centro das atenções, estimulando uma busca ativa de informações e conhecimentos. Assim, a metodologia ativa se baseia na ideia de um problema, e com a proposta de solucionar o mesmo, potencializa a criatividade e as chances de resolutividade de modo inovador com práticas construtivas (MAGALHAES et al., 2018).

O processo do ensino-aprendizagem é mediado pelo docente, que pensa em estratégias para que envolvam os discentes. Professores buscam inovar com metodologias ativas no ensino superior a fim de melhorar a qualidade da formação dos acadêmicos (COELHO; PARTELLI, 2019). É imprescindível superar o modelo de educação tradicional, o paradigma cartesiano/flexneriano, que fragmenta, especializa um conhecimento e é centrado no modelo biomédico (LEAL et al., 2018).

Historicamente, a formação dos profissionais da saúde baseia-se, ainda, em metodologias conservadoras, separando o corpo da mente, a razão do sentimento, a ciência da ética. Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem torna-se uma reprodução do conhecimento, em que o docente transmite conteúdos e ao discente cabe reter e repetir os mesmos, numa educação passiva, sendo somente espectador, não refletindo, nem criticando o processo (MITRE et al., 2008).

Segundo a perspectiva do estudo de Macedo et al. (2018), a educação do ensino superior em saúde necessita mudar a fim de que atenda às exigências da contemporaneidade. Sendo assim, precisa utilizar de novas estratégias pedagógicas de ensino em que o estudante seja o promotor do seu próprio conhecimento. É por meio das metodologias ativas que se incentiva o estudante a procurar informações e produzir conhecimento para compartilhar um produto final (COELHO; PARTELLI, 2019).

Nas metodologias ativas, tem-se uma situação problema que proporciona uma reflexão crítica, estimulando o acadêmico a buscar o conhecimento a fim de solucionar este problema, permitindo que ele reflita e encontre a solução mais adequada. A metodologia ativa tem por base Paulo Freire, em que os problemas partem de uma realidade a fim de transformar a situação em educação, diálogo, reflexão, crítica e transformação (MACEDO et al., 2018).

Segundo estudos de Roman et al. (2017) a inserção dessa temática educativa dentro da área da saúde auxilia de modo inovador, aprimorando e agregando saberes ao processo formativo. Além de que esse tipo de metodologia propicia um ambiente de aprendizagem mais confortável para que os alunos se sintam à vontade para expor seus conhecimentos, ideias e opiniões.

Assim, as experiências vividas servem para proporcionar um crescimento pessoal aos estudantes, que passam a compreender a amplitude desse tipo de abordagem, aprendendo a construir conceitos e valores durante a graduação (MAGALHAES et al., 2018). O profissional da saúde precisa ser apto a aprender a aprender, garantindo a integralidade da atenção à saúde e isso não se consegue por meio de ser apenas receptor de conteúdos, uma vez que o estudante precisa ser ativo no desenvolvimento do processo do conhecimento (MITRE et al., 2008).

Na busca de um modelo de educação diferenciado, as metodologias ativas estimulam a prática do trabalho em equipe, colaborativo com uma postura ética na construção do conhecimento. Contudo, visa a formação de profissionais mais aptos às mudanças e que busquem soluções inovadoras para resolver os problemas, sejam eles de saúde, gestão ou educação (ROSS et al., 2020). Assim, para Colares e Oliveira (2018) é justamente esse protagonismo do estudante que difere a metodologia ativa das metodologias tradicionais, que estimula a autonomia para pesquisar e buscar novas abordagens, despertadas através da curiosidade e engajamento durante a aplicação da metodologia ativa.

No entanto, segundo estudos realizados por Magalhaes (2018) um dos desafios de inserção dessa metodologia nas instituições de ensino é a rigidez organizacional, que repele a ideia de mudança, mesmo que seja benéfica e construtiva. É necessário romper com a ideia de aprender somente em modelo tradicional, unidirecional, para ampliar opções e conhecimentos.

Seguindo essa ordem, emerge o Júri Simulado, que representa uma prática em equipe, tendo como objetivo a construção de um conhecimento através de um problema, incentivando os estudantes a adotarem uma postura ética, crítica e reflexiva, com base na argumentação embasada em referenciais teóricos. A tomada de decisões é essencial dentro dessa metodologia de aprendizado, visto que o estudante pode expressar suas opiniões, defender seus ideais com base na argumentação e até mesmo julgar o assunto (SOUZA et al., 2016).

Partindo deste ponto, Ramos (2018) esclarece que o Júri simula um ambiente diferenciado, em que cada estudante representa um personagem/papel, com o propósito de resolver um caso específico. Com isso, são levantadas as mais diversas informações estimulando um debate entre as partes de defesa e acusação, apresentando e defendendo opiniões que são contraditórias e que, com base no domínio de diferentes conhecimentos, projeta um resultado para o problema.

O júri simulado é uma prática que possibilita simular um tribunal judiciário, em que cada estudante tem um papel predeterminado de acordo com um roteiro planejado a partir do estudo de determinado tema, trazendo argumentos do lado da defesa e da acusação da história montada. A partir dessa metodologia, tem-se o auto aprendizado, já que o estudante estuda sobre um tema e passa a conhecer a estrutura de um júri para que consiga transmitir o conhecimento produzido aos colegas (COELHO; PARTELLI, 2019).

Além disso, essa prática estimula o senso competitivo de estar defendendo algo em que acredita, sendo uma forma lúdica de trabalhar a teoria aprendida em sala de aula. Para tanto, sua prática segue algumas regras que são estabelecidas com antecedência, criando um ambiente favorável para a construção de um conhecimento que associa a prática à teoria, levando em consideração um tempo e espaço do acontecimento do fato, bem como, sua relação com questões sociais, políticas, econômicas e culturais (MEDEIROS, 2019).

Surge, a partir do que foi exposto, a seguinte questão norteadora: “O júri simulado é uma estratégia metodológica capaz de contribuir para a formação de futuros profissionais da área da saúde? Desse modo, o objetivo deste estudoé relatar uma experiência de júri-simulado como estratégia de ensino-aprendizagem aplicada em um curso da área da saúde.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, sobre uma atividade realizada por um grupo de estudantes. Realizou-se a busca de estudos na literatura científica por meio de palavras-chave: Metodologia Ativa, Júri Simulado e Metodologias Inovadoras, dando prioridade aos artigos dos últimos cinco anos nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO).

O trabalho foi realizado dentro do componente curricular de “Geriatria e Gerontologia I”, ofertado no quinto período de graduação do curso de Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, no oeste de Santa Catarina. A atividade foi programada pela professora do componente que apresentou o quê e como seria um júri simulado, além da colaboração do curso de Direito da mesma instituição.

Com o ideal de estimular a proatividade e o pensamento crítico e reflexivo nos estudantes, conforme menciona o Projeto Pedagógico do Curso de Fisioterapia, a professora formou seis grupos em sala de aula de modo a aplicar essa metodologia dentro do contexto de pessoas idosas e políticas públicas relacionados aos mesmos.

Cada estudante ficou com uma temática pré-estabelecida para abordar o máximo possível de informações. Cada grupo elaborou, assim, um roteiro de júri-simulado de acordo com a temática de seu grupo, sendo que a professora sempre esteve presente e auxiliando nos momentos necessários. Além disso, de modo interprofissional, a turma foi convidada a participar de um júri simulado do curso de direito, que aconteceu de modo remoto, sendo os estudantes de Fisioterapia os jurados deste júri. Assim, após finalizada a produção teórica, a segunda parte da atividade, a apresentação do desenvolvimento do júri simulado, foi executada de forma remota, devido a pandemia Covid-19, no ano de 2020.

Para esse tipo de metodologia ativa, foi preciso escolher quem interpretaria os personagens de um juiz, um escrivão, promotoria, advogado de defesa, réus, conselho de sentença (corpo de jurados), com sete estudantes, além do figurino. Assim, cada integrante do grupo caracterizou-se de acordo com o personagem a ser interpretado, apresentando por meio de embasamentos teóricos baseados na defesa em leis, políticas e estatutos da pessoa idosa.

Descrever-se-ão as percepções dos estudantes participantes desta metodologia ativa, a partir de seus relatos na ferramenta Jamboard – quadro interativo desenvolvido pelo Google, levando em conta as dificuldades, as limitações, os pontos positivos, as sensações e as percepções sobre como foi realizar este método de aprendizagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao questionar os estudantes sobre o júri-simulado, realizado como uma forma de metodologia ativa, verificou-se que muitos descreveram a atividade como: produtiva, diferente, gratificante, impressionante, sensacional, muito boa, muito legal, maravilhoso, experiência incrível, troca de conhecimentos, muito aprendizado, desafiadora, trabalhoso, aprendizado e difícil.

Contudo, alguns relatos expressaram que alguns estudantes enfrentaram dificuldades na confecção estrutural da atividade, no entanto, conseguiram reverter essa situação buscando informações em políticas e estatutos dos idosos, potencializando seu conhecimento. O modelo de metodologia ativa possibilitou uma troca de conhecimentos entre acadêmicos de diferentes cursos, bem como professores, possibilitando um trabalho interprofissional diferenciado entre um curso da área da saúde e das ciências humanas.

Através da prática, os acadêmicos sentiram-se estimulados a buscar novos conhecimentos, bem como de compreender e interpretar como devem proceder em uma determinada situação, na qual apresenta-se uma agressão à pessoa idosa. Esta atividade reflete sobre quais são os direitos e deveres de cada indivíduo, compreendendo que essa interferência deve proceder dentro da ética e embasar-se nas leis, sem ferir os direitos humanos de uma pessoa.

Um acadêmico relatou: “Plantamos dedicação e colhemos muito conhecimento e aprendizado na socialização com todos!”. Podendo perceber, desse modo, o quão trabalhoso foi para o grupo, porém puderam observar os seus bons resultados, pois todos ficaram satisfeitos em compartilhar os conhecimentos adquiridos de uma forma mais dinâmica e divertida.

Já outro citou que: “A professora está sempre disposta a sugerir inovadoras metodologias de ensino e os estudantes superam a resistência inicial e tem bons resultados”. Isso é algo interessante, pois mostra que os docentes, aos poucos, estão transformando a prática pedagógica a fim de proporcionar ao discente que ele seja um agente ativo do seu processo de aprendizagem, possibilitando maior autonomia e criticidade para resolver os problemas encontrados na realidade.

Através dos relatos pode-se perceber a satisfação dos discentes em realizar essa prática metodológica, visto que se sentem mais confortáveis e estimulados a irem em busca de informações e de novos conhecimentos. Dentro dessas citações, percebe-se que essa busca ativa aprimora o modelo de aprendizagem e potencializa a memorização e a compreensão do conteúdo.

Entende-se, diante dos resultados apresentados pelas respostas dos estudantes, que a técnica do júri simulado é bem vista pelo corpo discente, considerando-se o fato de que são estimulados ao raciocínio, reflexão e crítica, algo positivo, pois constroem o conhecimento e não são, unicamente, ouvintes passivos de conteúdo. Embora essa estratégia inovadora de ensino, inicialmente, possa gerar ansiedade em relação ao novo, tem-se o apoio do professor, sendo um grande facilitador para superar o desafio imposto.

Percebeu-se, em primeiro instante, que o medo do desconhecido é uma resistência a esta metodologia ativa, todavia as dificuldades, conforme apontadas nos relatos, foram superadas e houve um bom resultado, além de uma troca de saberes e de boa comunicação entre os docentes e discentes. Esta é uma nova forma de pensar o ensino, colocando os estudantes como foco das atenções no processo de aprendizagem.

Para que isso aconteça é necessário que o docente tenha esse papel de mediador do conhecimento, ampliando as possibilidades de aprendizagem do estudante por meio de uma nova forma de educar. Por meio do conhecimento e sensibilização das políticas públicas do idoso, é possível educar para o cuidado, no entanto o docente precisa estar disposto a adotar novas metodologias de ensino, estimulando o senso crítico do estudante e motivando para que ele persista mesmo com obstáculos.

O júri simulado possibilita aos acadêmicos debater sobre o tema definido pelo docente, fundamentar por meio da lei, exercitar o raciocínio e desenvolver o senso crítico. Fica, desse modo, claros os compromissos e as responsabilidades da educação em ensino superior, em formar profissionais mais aptos, críticos e reflexivos a fim de que possam transformar a sociedade em que vivem e não apenas atuar na sua área.

Salienta-se, portanto, a necessidade de repensar as práticas de mediação do conhecimento, deixando um pouco de lado as aulas expositivo-dialogadas, e aderindo mais a algumas metodologias ativas, como a do júri simulado. É por meio destas novas técnicas que se aprimora a maneira tradicional do docente passar conhecimento ao discente, permitindo que os próprios estudantes sejam corresponsáveis pela construção do seu conhecimento.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a técnica de metodologia ativa utilizada no componente curricular de “Geriatria e Gerontologia I”, na graduação em Fisioterapia, proporcionou desenvolver a criatividade e a reflexão sobre o tema idosos, sendo muito relevante para o exercício da profissão. Além disso, foi possível perceber o quanto é preciso adotar as metodologias inovadoras para formar profissionais de saúde mais críticos, reflexivos e transformadores de suas realidades, já que as metodologias culturais e tradicionais de ensino são arcaicas e não proporcionam isso, além de que a ação profissional está intimamente ligada com o ensino pedagógico.

Entende-se que houve envolvimento de todos os alunos e que esta experiência proporcionou aos discentes conhecer, discutir e refletir sobre as metodologias ativas, especialmente após a reflexão deixada no Jamboard, expressando suas opiniões sobre a atividade desenvolvida. Utilizar de estratégias inovadoras, como das metodologias ativas, é um grande desafio para o docente, pois exige vontade, esforço, desejo de mudar e realizar a mudança no ensino e aprendizagem de futuros profissionais, no entanto isso fortalece o ensino e a prática, melhorando, também, o vínculo entre estudante e professor, o qual apoia ainda mais os discentes a fim de proporcionar maior protagonismo e participação do aprendiz.

Diante desse contexto, sugere-se, para futuros trabalhos, estudos sobre os docentes e o uso das metodologias ativas nas graduações da área da saúde, a fim de que melhorem a qualidade do ensino-aprendizagem, contribuindo na formação de profissionais mais críticos, participativos, reflexivos e transformadores.

REFERÊNCIAS

COELHO, M. P.; PARTELLI, A. N. M. Júri Simulado no ensino da ética/bioética para a enfermagem. Rev. Enferm. UFPE on line. Recife, v. 13, n. 1, p. 499-510, jan. 2019. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v13i02a238454p499-510-2019

COLARES, K. T. P.; OLIVEIRA, W. Metodologias Ativas na formação profissional em saúde: uma revisão. Revista Sustinere, v. 6, n. 2, p. 300-320, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.12957/sustinere.2018.36910

LEAL, L. B. et al. Método ativo problematizador como estratégia para formação em saúde. Rev. Enferm. UFPE on line. Recife, v. 12, n. 4, p. 1139-1143, abr. 2018. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i4a231346p1139-1143-2018

MACEDO, K. D. S. et al. Metodologias ativas de aprendizagem: caminhos possíveis para inovação no ensino em saúde. Esc. Anna Nery, v. 22, n. 3, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0435

MAGALHAES, B. C. et al. A importância e os desafios na aplicabilidade das metodologias ativas no ensino superior em saúde. CIET: EnPED, 2018. Disponível em: <https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/article/view/637/176>.

MEDEIROS, A. M. R. Júri simulado como estratégia lúdica para o desenvolvimento do protagonismo e da autonomia por alunos do ensino médio do Distrito Federal. Universidade de Brasília, 2019. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/37349/1/2019_AlessandraMartinoRamosdeMedeiros.pdf>.

MITRE, S. M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 2133-2144, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900018 

RAMOS, D. K. Interação, autonomia e aprendizagem na educação a distância: júri simulado por videoconferência. Revista Intersaberes, v. 13, n. 29, p. 316-329, 2019. Disponível em: <https://www.uninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/1427/414229>.

ROMAN, C. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem no processo de ensino em saúde no Brasil: uma revisão narrativa. Clinical and biomedical research. Porto Alegre, v. 37, n. 4, p. 349-357, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.4322/2357-9730.73911

ROSS, J. R. et al. Metodologias ativas em um curso de formação em saúde. Revista Arquivos Científicos (IMMES), v. 3, n. 1, p. 154-161, 2020. DOI: https://doi.org/10.5935/2595-4407/rac.immes.v3n1p154-161

SOARES, L. S.; SILVA, N. C.; MONCAIO, A. C. S. Metodologias ativas no ensino superior: opiniões, conhecimentos e atitudes docentes. Rev. Enferm, UFPE on line. Recife, v. 13, n. 3, p. 783-795, mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v13i03a236317p783-795-2019

SOUZA, C. O. et al. Júri simulado: estratégia a contribuir para a construção do conhecimento sobre SUS. Revista Saúde e Desenvolvimento, v. 10, n. 5, p. 101-109, 2016. Disponível em: <https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/530/348>.

STROHER, J. N. et al. Estratégias Pedagógicas Inovadoras Compreendidas como Metodologias Ativas. Rev. Thema, v. 15, n. 2, p. 734-747, 2018. DOI: https://doi.org/10.15536/thema.15.2018.734-747.891